sexta-feira, 22 de junho de 2012

Os Smartphones que protegem reserva indígena e sua Relação com Zygmunt Bauman


"... três incursões de têcnicos do Google na aldeia suruí que fica nas proximidades de Cacoal (RO). Em 2008, eles ensinaram os jovens da tribo da usar o Google Earth e a montar um blog. Em 2009, capacitaram os índios a usar smartphones para flagrar a ação de madeireiros, caçadores ou pescadores ilegais na floresta. Desde então, grupos de 20 índios se revezam em longos plantões que podem durar até 15 dias na mata. No último ano, considerando apenas flagrantes de madeireiros ilegais, foram registradas cinco ocorrências. Os índios gravam as imagens, marcam a posição exata do delito com a ajuda do GPS e enviam os dados para a Polícia Federal e a Funai..."
- Foto divulgação - 

Trecho de uma reportagem de André Trigueiro, jornalista com Pós-graduação em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ onde hoje leciona a disciplina “Geopolítica Ambiental”, professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, autor dos livros “Mundo Sustentável 2 – Novos Rumos para um Planeta em Crise" (Ed.Globo, 2012); "Mundo Sustentável - Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação" publicada no Portal G1 - na sua coluna de ecologia, que achei bem interessante e de um certo ponto de vista questionável. 


Como sempre soubemos de diversas formas população indígena sofreu grandes abusos desde que a exploração da Mata Amazônica começou a ser mais intensificada. Um caso que retrata o total abandono de entidades políticas e governamentais que quando acontece alguma coisa de ruim com os índios, aparecem do nada com seus projetos de lei, com seus programas de assistência e afins aos nossos ancestrais. O texto de André Trigueiro mostra parte desse problema.  Evidencia os problemas que enfrentaram quando perceberam que foram deixados de lado, por interesses em terras, por interesses financeiros dos governos e pela participação dos grandes fazendeiros juntos com esses representantes. Mostra a luta de um índio que sobreviveu a ataques por defender as suas terras e que viajou por 31 países e apresentou justamente esses problemas que esses brasileiros enfrentam. 

Quando li a matéria, percebi que nas entrelinhas, continham mais informações do que eu imaginava. Mais do que o próprio autor pode expressar.
Além de toda a luta e esforço que o povo indígena tem feito, além de todos os ataques, todas as matanças, todas as disputas por terras, todo o sangue derramado, percebi outras coisas que me despertaram para essa ideia de "explorar além".

Levantei então alguns pontos que me ajudaram a fundamentar uma opinião, que ao fim do texto ficará clara. O intuito dessa reflexão é analisar a forma como interpretamos esses acontecimentos e o fato de aquela comunidade indígena do Suruí ter fechado uma parceria assim com a equipe do Google. Entender quando aquele povo indígena começou realmente a ser assistido pela Funai e pela Polícia Federal, em relação aos crimes ambientais que todos os anos levam embora boa parte da floresta.

Primeiro,
O povo indígena é o mesmo povo Brasileiro, da sociedade contemporânea. Eles tem direitos garantidos constitucionalmente. Existe um órgão que cuida das questões indígenas e além disso, existe outro órgão que cuida da proteção a natureza e preservação do meio ambiente.

Segundo
Esses órgãos de proteção ao índio e proteção ao meio ambiente não tem políticas sérias que cuidem e preservem o público que atendem. Não foi má ideia colocar Smartphones nas mãos dos indígenas, mas se isso realmente vai ajudar a resolver o problema ou não, é outra questão a ser analisada. 

Terceiro ponto, e talvez o mais intenso de toda essa reflexão sobre o real valor dos indígenas para uma sociedade que abusa até onde lhes é permitido e só depois vem com a cara de pau de perguntar se "esses irmãos querem mais alguma coisa".

Todos nós temos direito a informação, todos nós temos direitos de defender a ideologia que escolhemos, mas quem já parou pra pensar que os índios nesse caso são vítimas também, assim como as reservas ecológicas e toda a população que defende a preservação do meio ambiente?
Os problemas não mudaram. O que mudou foi a forma como passamos a aceitar e entender essas questões.
Podemos entender de outra forma que os índios, que foram alvo de muitos agressores por vários anos seguidos porque tentavam defender sua cultura de produção e de uma forma geral, que forçados a participar desse processo de modernização líquida onde  tudo é volátil, as relações humanas não são mais tangíveis e a vida em conjunto, familiar, de casais, de grupos de am
igos, de afinidades políticas e assim por diante, perde consistência e estabilidade. 

Quem já se deu conta de que a verdade é que os índios hoje passam por um desenraizamento forçado, causado por um sistema que não dá chance nenhuma de exercer o direito de ter direitos para essas comunidades indígenas e tantas outras distribuídas pelo país? Infelizmente, acompanhamos de perto o assassinato de toda uma história. A execução de uma cultura que faz parte das nossas raízes. Os índios foram sufocados. E são cada vez mais dia após dia. 

Eles são tão vítimas quanto nós, que perdemos os valores e somos sujeitos aos caprichos de uma mídia elitista, que se preocupa com escândalos políticos apontando os erros deles mesmos numa guerra sem fim e negam-se a informar com seriedade e compromisso com o povo como prometem. Tão vítimas quanto nós, cidadãos, que somos obrigados a presenciar eventos de políticos corruptos, que negam-se a estudar e pôr em prática estratégias e soluções para os problemas de uma população que necessita de cuidados, esses que são garantidos por lei, que deveriam ser prioridades, como educação, trabalho e segurança e sempre são colocados para escanteio e plano de fuga para eleições de quatro em quatro anos. 

Serviram de fontes para essa dissertação: